Páginas

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Reclamações em Crise

Revista Fôlego, Editora DFP, 1 Ed. Outubro/2013

Virgindade: o dilema!

Ser virgem significa nunca ter tido uma relação sexual. Mas afinal, o que isso significa?

Relação sexual é uma ação entre duas ou mais pessoas, que deve ter como objetivo a satisfação sexual, onde existem diversos tipos de atividades sexuais (oral, anal, sem penetração, com penetração...), porem o que mais se estabelece é o junção dos órgãos genitais.

O termo e o conceito de ¨virgindade¨ foi sendo construído pela sociedade, a qual ao longo de toda a história ela foi estabelecendo critérios sobre quando, como, e onde as pessoas deveriam ¨perder¨ a sua virgindade.

Ha alguns anos, a virgindade era tratada com muito zelo. Não se falava muito sobre o assunto, e quando surgiam comentários, focavam o ¨ser virgem¨ apenas ao sexo feminino. Alguns homens, ou melhor, meninos, eram levados pelos seus pais em casas de prostituição para deixarem de ser virgens. Era, e pode-se dizer que continua sendo, um orgulho para alguns pais saber que o filho homem já transou. E as meninas, eram instruídas que sexo era sujo, e que ela jamais poderia fazer, ou se fosse fazer, apenas depois que casasse. E assim foram sendo criados conceitos, regras, estigmas, tabus, preconceitos... 

Atualmente a virgindade parece ser tratada como um comércio, um produto que está ali só incomodando. Até meninas leiloando a sua virgindade já apareceu na internet. Um exemplo também são as novelas que mostram situações constrangedoras para quem é virgem, ou seja, a mídia deturpa o sexo, e deixa explícito a sexualidade de um jeito que não condizem com algumas idades de pessoas que estão assistindo, fazendo com que elas interpretem a situação mostrada de uma maneira errada. Isto é o que eu tenho visto em meu consultório, adolescentes virgens desesperadas para deixarem de ser, mentiras no rol de amigos dizendo que não é mais virgem com medo de ser julgada (o), falta de informação correta, falta de prevenção contra gravidez e dst´s, promiscuidade, entre outras situações que só me deixa mais preocupada com a parte da educação sexual com os adolescentes.

Julgamentos, e o medo deles, fazem com que pessoas tenham desvios de comportamento e emocionais. Julgamentos que são desde comentários até atitudes, como por exemplo, ter comentários sobre uma pessoa que é virgem  porque ele é feia, ou até mesmo comportamentos como apostar com amigos em conseguir transar com a pessoa que é virgem. 

Ser virgem não é uma doença, e nem deve ser visto como um problema. Lógico que tudo depende de pessoa para pessoa, desde a sua idade até a sua história de vida, da sua educação, cultura, religião e princípios. 

A primeira vez, tanto da mulher como do homem, é muito importante e irá fazer parte da construção da própria sexualidade. ¨Perder¨ a virgindade simplesmente porque quer, porque os amigos já não são mais virgens, por pressão da sociedade, por impulso, ou com qualquer pessoa, pode acarretar em diversos problemas futuros, e dentre eles, as disfunções sexuais. Nos homens, as disfunções sexuais mais frequentes é a ejaculação rápida ou atrasada, a perda de ereção, falta de desejo sexual ou até um desejo exacerbado, podendo provocar uma compulsão sexual. Nas mulheres algumas disfunções é o vaginismo, dispareunia, a anorgasmia, baixo desejo sexual entre outros. 

A sexualidade humana é construída ao longo da vida, e é por isso que a primeira vez do sexo é tão importante, pois é o primeiro contato físico sexual que a pessoa terá, e que com certeza ficará marcado essas lembranças.

¨Perder¨ a virgindade requer um momento de reflexão e de amadurecimento. Tudo tem o seu momento e a idade adequada, portanto, é importante saber qual é esse momento, estar certa (o) que realmente está pronta (o) para realizar a primeira atividade sexual, gostar muito da pessoa, confiar, e acima de tudo, obter informações sobre prevenção de uma gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis.

Se existir qualquer dúvida, significa que não é o momento adequado de ¨perder¨ a virgindade. Conversar com os pais, e/ou pedir que os levem em profissionais especializados (como médicos, psicólogos e sexólogos) para tirar as dúvidas antes de inciar a vida sexual, pode contribuir para essa primeira vez não acontecer de maneira que haja arrependimentos. 

Sabendo disso, iniciar uma educação sexual dentro de casa é o mais recomendado, procurando também informações corretas para passar aos filhos. 

A virgindade não é um produto, que de repente você resolve não te-la mais. Com cautela e responsabilidade, no momento certo e com uma pessoa que haja afeto, com certeza será muito melhor esta primeira vez, que repercutirá nas demais relações sexuais.

Busque informações, procure um profissional especializado, pois a educação sexual não pode ser vista como uma educação à parte, mas sim fazendo parte da educação global de cada pessoa.

Psi. Adriana Visioli