Há algum tempo um casal me perguntou como podem duas pessoas
completamente diferentes conseguir se comunicar, se referindo que ele parecia o
cão e ela o gato, ou seja, um latia e o outro miava, falando línguas
completamente diferentes.
Esta situação é mais comum do que imaginamos, seja entre
casais, amigos, pais e filhos, irmãos e até mesmo entre amigos.
Mas como lidar com essas diferenças?
Em toda a nossa vida passamos por aprendizados, e vamos nos
comportando conforme vamos aprendendo o que pode ser certo ou errado. Através
dessas nossas percepções que aprendemos a nos comunicar. E nem sempre o que é
correto para mim será para o outro, ou a maneira como eu me comunico vai ser aceito pela outra
pessoa.
O primeiro passo é cada um agir de maneira assertiva. A
assertividade é uma maneira de se comunicar que não prejudique ou magoe as pessoas
envolvidas neste diálogo, inclusive a que estará falando. É expressar o que sente, quais as suas vontades, sem agredir o ouvinte.
Por exemplo, ao invés de chegar para uma pessoa e dizer que
ela é preguiçosa, com um tom de voz mais grave e alta, você pode dizer com um
tom de voz mais branda, que ela é uma pessoa que não gosta muito de fazer as
coisas. Tem o mesmo significado? Sim. Mas como o outro vai recepcionar o
comentário poderá ser de maneira diferente do que se agisse conforme o primeiro
comportamento.
Na charge acima, tanto o pai como o filho ficaram tristes. A expressão facial do pai do cebolinha mostrou que ele não ficou bem pela reação do filho que saiu chorando, sendo que se ele tivesse falado com calma e de outra maneira, não causaria o desconforto que causou a ambos.
Claro que nem sempre o outro agirá com a gente deste jeito. Neste momento é importante a pessoa que estará sendo assertiva analisar a
relevância da pessoa e do conteúdo que está sendo discutido, e avaliar se
realmente vale a pena enfrentar esta maneira com que o outro está se
comunicando e não está sendo aceito por você.
Isto acontece muito quando uma pessoa está falando calma, e o outro se
altera no tom de voz e nas palavras utilizadas, sendo muitas vezes grosseiras.
Caso coloque em uma balança e conclui que o jeito do outro
realmente importa e que está atrapalhando o relacionamento, é importante
mostrar a ele que pode agir e falar de maneira diferente para que o
relacionamento se torne mais agradável. Mas para que isto aconteça, antes de
tudo é preciso conversar. Quando uma
criança nasce, ela só aprende a falar escutando o outro e tentando repetir, o que no início sai apenas sons, sem
formar uma palavra, aos poucos a criança vai associando as palavras ditas pelos
outros às suas ações. Por isso que em primeiro lugar, aja você, seja assertivo,
dê o exemplo e mostre como é possível se comunicar de maneira que não traga
prejuízos a ambos, mas sim discussões positivas, com o intuito de melhorarem e
ampliarem suas maneiras de se comunicar.
Mas, se mesmo agindo assim, o outro continue, é importante
conversar com ele, apontando o quanto o seu comportamento está prejudicando a
relação.
Muitas vezes a pessoa aprendeu a falar de uma determinada
maneira, e não percebe o quanto a sua comunicação é prejudicial para si e para
o próximo, até que uma segunda pessoa chegue e mostre isso a ele.
Nem sempre a crítica será aceita logo de início, mas aos
poucos poderá perceber o quanto pode ter relações muito mais saudáveis com uma
comunicação adequada.
Claro que essa persistência dependerá do tipo de relação,
por exemplo, pessoas que acabaram de se conhecer ou são apenas conhecidos, não irão
ter essa “abertura” para a crítica, e é nesta hora que entra a paciência e a compreensão
do jeito do outro, que não são iguais, tiveram aprendizados diferentes. Saber
conviver com a diversidade de pessoas e de “línguas” faz a pessoa crescer no
seu aprendizado e ser muito mais feliz.
Como tudo na vida só aprendemos fazendo, só aprenderá a conversar, conversando. Pense nisso, e introduza a assertividade dentro dos seus relacionamentos, pois com certeza, fará a diferença.
Psi. Adriana Visioli
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