Páginas

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tentações a um toque


O mundo mudou muito, principalmente nos últimos cinquenta anos, e as relações amorosas acompanharam essa mudança. 

Mas essa mudança está mais na forma que no conteúdo - apenas encontraram novas formas de acontecerem - para o bem e para o mal. E com a nova onda das redes sociais ficou muito mais fácil, e rápido, cair em tentação. Uma pesquisa feita pela Universidade Loyola, de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou um dado curioso: um em cada cinco divórcios naquele país tem como pivô o Facebook. Isso mesmo: os advogados litigiosos entrevistados precisam colocar o Facebook como prova de traição. O Facebook é culpado pelo degringolamento das relações? Seguramente que não, afinal quem se mete nas teias cibernéticas das tentações é o casal. O que ocorre é que a exposição virtual de nossas vidas está tão grande que encontramos de uma vez só o primeiro amor, os ex, aqueles bons de cama que merecem um revival... estamos nus virtualmente falando. 

E cá entre nós: as pessoas quase sempre dão a desculpa de que o que acontece na internet não é traição, que tudo é brincadeira. Fica a critério de cada um, mas o fato é que os casais descobriram mais uma forma de perder noites de sono. De fato o mundo virtual permite que sejamos quem gostaríamos de ser. Se é verdade ou não isso é outra história, mas a questão é que o meio facilita dar vazão às fantasias, às vontades. 

Acompanhem o raciocínio: o Brasil tem cerca de 70 milhões de usuários de internet. E segundo o Ibope Nielsen, quase 40 milhões deles participam de redes sociais as mais variadas, como Facebook, Twitter, Orkut, blogs e afins. Então a lógica sugere que é muito comum cruzar com as pessoas que fizeram parte de nossa vida em algum momento dela. E reviver as coisas boas acaba sendo um motivo e tanto para vivermos conectados a esse mundo que nos possibilita tantas paixões. 

No Curso de Pós-graduação em Sexualidade: Terapia Sexual e Orientação, que acontece em São José do Rio Preto (SP), cada vez mais o assunto ganha a atenção dos alunos que já percebem casos em que a vida virtual começa a atrapalhar os relacionamentos. Em consultório já começam a chegar casais que estão por um fio e o motivo é justamente essa vida virtual paralela. 

Até que ponto é saudável viver essa questão virtual? A linha é muito tênue na verdade. Muitas vezes a internet e as redes podem servir de aconselhamento, de desabafo com outras pessoas que têm os mesmos problemas íntimos que são comuns em casais com certo tempo de relação. Mas vale sempre o bom e velho bom senso: colocar na balança a vida virtual e a vida real é importante para descobrir qual vale mais a pena ser vivida. 

Se o relacionamento está sob risco e ainda é possível salvá-lo, a solução é abandonar o vício cibernético, cortar as linhas de transmissão e viver a vida a dois. Trazer à tona as histórias que já fazem parte do passado pode ser o fim da conexão entre a vida de casal.

Sônia Daud
É psicóloga e professora do curso de pós-graduação de sexualidade da FAMERP



Sônia foi minha professora e supervisora de clínica na especialização em Sexualidade. Sou muito lisonjeada em tê-la como participante da minha formação profissional. Parabéns Sônia pelo artigo!

Psi. Adriana R. de C. Visioli

Nenhum comentário:

Postar um comentário