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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Revistas ameaçam a sexualidade da mulher real



Hoje, ter mais de 50 anos e ler revistas é uma decepção: dentro delas, não há nada nem ninguém que lembre você.
Segundo uma nova pesquisa, apesar de um quinto do público da Vogue ser mulheres com mais de 50 anos, a revista só apresenta mulheres de 40 anos na capa (de vez em quando). Tipicamente, celebridades mais jovens, como Lady Gaga e Natalie Portman, são ilustradas pela Vogue.
O mesmo estudo descobriu que essa ausência de mulheres mais velhas não se limita a Vogue, ou até mesmo a capas de revista: uma análise de editoriais e imagens publicitárias revela que revistas de moda raramente mostram mulheres com mais de 40 anos.
E o pior de tudo: mesmo as revistas voltadas para o envelhecimento apresentam imagens de mulheres ideais, livres de rugas, com um corpo perfeito que é impossível de se manter na vida adulta.Agora, os especialistas estão dizendo que toda essa cultura prejudica as mulheres mais velhas e pode fazer com que elas abandonem sua sexualidade. “Isso leva a problemas de imagem corporal negativa”, disse a autora do estudo, Denise Lewis. “As pessoas negam o envelhecimento, e tentam continuar a parecer o ideal de uma pessoa jovem”.
Não é nenhum segredo que revistas e outras mídias preferem modelos jovens, magras e muitas vezes brancas. Porém, estudos da influência da mídia sobre a saúde das mulheres geralmente se concentram em mulheres mais jovens.
No estudo mais famoso, de 2002, psiquiatras compararam adolescentes das Ilhas Fiji antes e depois da televisão chegar na ilha. A pesquisa constatou que transtornos alimentares aumentaram quando a TV foi introduzida. As meninas disseram que queriam perder peso para se parecer com as garotas magras ocidentais da TV.
Mas transtornos alimentares não são exclusivos a mulheres mais jovens. Dois estudos da década de 1990 estimam que entre 7,2 e 7,7 de cada 100 mil mulheres com idade entre 40 e 59 anos têm anorexia nervosa (incapacidade de manter 85% do peso médio por altura).
Isso é muito menos do que os 70 ou mais de cada 100 mil meninas adolescentes com anorexia. No entanto, um estudo de 2001 constatou que cerca de 1% das mulheres de meia-idade têm bulimia nervosa, comparável aos 0.9% das mulheres entre as idades de 18 e 25 com a mesma doença.
Dois estudos também investigaram a relação entre consumo de mídia e transtornos alimentares em mulheres mais velhas. Um estudo publicado em 2008 descobriu que a pressão da família, dos colegas e da mídia foi ligada a um desejo de magreza e transtornos alimentares. Outro estudo, publicado em 2003, descobriu que a pressão da família era o caminho mais influente para um transtorno alimentar, embora a pressão da mídia tinha uma influência de pequena a média também.
No entanto, os pesquisadores estão preocupados com influências mais sutis. Mesmo em revistas voltadas para mulheres mais velhas, os sinais de envelhecimento são frequentemente “apagados” (“photoshopados”). Talvez não por coincidência, os tratamentos antirrugas estão ficando mais populares.
As mensagens de cremes de antienvelhecimento, Botox e outros sugerem que as pessoas mascarem sua idade, ou se tornem obsoletos. Peggy Brick, educadora sexual, diz que se preocupa que a visão da mídia sobre os idosos – como se eles fossem invisíveis, e certamente não sexuais – contribui para que os adultos mais velhos simplesmente “desistam” de sua sexualidade.
Segundo ela, o estereótipo de que o sexo é apenas para os jovens e bonitos, e que o velho é feio e não sexual, tem que ser combatido.
O público já reagiu contra o ideal de magreza no passado, o que inspirou algumas revistas de moda a usar ocasionalmente modelos mais “cheinhas”. Mesmo a Vogue apresentou três mulheres curvilíneas (Tara Lynn, Candice Huffine e Robyn Lawley) na capa de sua revista italiana, em junho.
O consumidor poderia levar a avanços semelhantes em relação às mulheres mais velhas. Os cientistas acreditam que as pessoas podem, de fato, perceber que são bonitas como são e exigir que a moda reflita isso.[LiveScience]

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